A Longa Marcha são os amigos que fazemos pelo caminho (Crítica)
Lançado em 2025, A Longa Marcha: Caminhe ou Morra é uma adaptação brutal de um dos romances de Stephen King, dirigido por Francis Lawrence. O filme conta a história de cinquenta jovens que são forçados a caminhar sem parar até restar apenas um sobrevivente. O diretor, conhecido por sua habilidade em criar tensões, entrega uma obra visceral que mistura violência com uma mensagem profunda sobre amizade e sobrevivência.
A Relação entre os Protagonistas

O filme parte de uma premissa muito brutal: cinquenta jovens são forçados a caminhar sem parar até restar apenas um sobrevivente. Logo no início, não sabemos exatamente quais são as regras, e o diretor faz questão de escancarar essa crueldade ao mostrar as primeiras mortes de forma gráfica e chocante. É um aviso claro de que a longa marcha não perdoa ninguém. As mortes, sempre impactantes, reforçam o peso do jogo e a atmosfera sufocante da narrativa.
O Enredo e a Comparação com Jogos Vorazes

Assistindo ao filme, tive a clara sensação de estar diante de uma nova versão de Jogos Vorazes. E não é à toa: o diretor é o mesmo Francis Lawrence, que comandou quatro filmes da franquia. Aqui, no entanto, ele trabalha com uma premissa ainda mais simples e cruel — apenas caminhar sem parar até que reste apenas um vencedor. Essa simplicidade poderia cair na monotonia, mas Lawrence encontra no ritmo, na tensão e no foco nos personagens a fórmula para manter o espectador envolvido do começo ao fim.
Amizade e Solidariedade como Pilares

O coração do filme está nas amizades entre os protagonistas, especialmente Ray (Cooper Hoffman) e Peter (David Jonsson). É nesse vínculo que o espectador encontra respiro em meio à brutalidade. Um dos momentos mais simbólicos acontece quando os personagens falam sobre serem como os Três Mosqueteiros. O detalhe curioso é que eles estão em quatro, e nenhum deles sabe que, na verdade, também eram quatro no clássico literário. A cena reforça não só a ingenuidade desses jovens, mas também como eles desconhecem muito do passado de seu próprio mundo — assim como nós, espectadores, descobrimos aos poucos a distopia em que vivem.
O Elenco e suas Atuações

As atuações dão vida e emoção ao longa. Hoffman confirma o talento que já havia mostrado em Licorice Pizza, enquanto Jonsson brilha em um papel bem diferente do que vimos dele em Alien: Romulus. O elenco coadjuvante também se destaca, com Mark Hamill no papel do vilão, a ponto de ser difícil reconhecê-lo de imediato. Juntos, eles criam personagens que tornam cada perda sentida de forma dolorosa e humana.
Visual e Trilha Sonora

Visualmente, Lawrence aposta em uma fotografia marcante, que transmite tanto a beleza quanto o peso da jornada. A trilha sonora também é poderosa, reforçando a atmosfera opressora e melancólica do filme, e merece figurar entre as melhores do ano.
O Final e a Força da Adaptação

O final traz mudanças importantes em relação ao livro. Na obra original, Ray é o vencedor e termina a competição desorientado, caminhando em direção a uma figura sombria. Já no filme, é Peter quem sobrevive, depois de cumprir o desejo de Ray e se vingar ao matar o Major. A última cena o mostra seguindo em frente, mas sem clareza sobre seu destino: os sons que ouvimos podem ser tanto de tiros quanto de fogos de artifício. Essa ambiguidade dá ao desfecho um caráter aberto, que inclusive pode ser visto como uma brecha para uma possível sequência — ainda que isso não seja necessário. A alteração, elogiada pelo próprio Stephen King, reforça a força da adaptação.
Uma Reflexão Sobre Meritocracia e Sobrevivência

No fim das contas, A Longa Marcha: Caminhe ou Morra vai além da violência e do suspense. Ele funciona como metáfora sobre meritocracia, injustiça e sobrevivência em um mundo implacável, mas também como um lembrete de que, mesmo nas caminhadas mais brutais, o que realmente importa não é torcer pela queda dos outros, e sim se apoiar em bons amigos. Uma das grandes surpresas de 2025, que entrou no meu top 10 de filmes desse ano.

Nota: 4,5/5
✍🏽 Marcelo Silva, CEO do Multi Nerdz
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Onde assistir A Longa Marcha: Caminhe ou Morra?
O filme está disponível nos cinemas.