Yorgos Lanthimos desacelera, mas mantém sua essência em Bugonia (Crítica)
Dirigido pelo renomado Yorgos Lanthimos e escrito por Will Tracy, o novo longa Bugonia (2025) reúne novamente Emma Stone e Jesse Plemons no elenco principal, desta vez ao lado de Aidan Delbis e Alicia Silverstone. O filme, uma releitura em inglês da obra sul-coreana Save the Green Planet! (2003), aborda o sequestro de uma poderosa CEO por dois conspiracionistas que acreditam que ela seja um alienígena prestes a destruir a Terra. A estreia mundial aconteceu no Festival de Cinema de Veneza em 28 de agosto de 2025. No Brasil, o filme integrou a programação da 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, onde tivemos a oportunidade de assisti-lo. A estreia oficial de Bugonia nos cinemas brasileiros está marcada para o dia 27 de novembro de 2024.
Crítica – Bugonia
O novo filme de Yorgos Lanthimos, mais uma vez com Emma Stone e Jesse Plemons, é um bom filme — ainda que mais contido e de escopo menor do que o público talvez espere do diretor.
Dessa vez, Lanthimos aposta em algo mais intimista, focado em diálogos e atuações, e é justamente aí que mora a força de Bugonia. O longa se passa em poucos ambientes e poderia facilmente se tornar cansativo, mas o roteiro afiado e o talento da dupla principal impedem isso. Os diálogos são muito bem escritos e as atuações de Stone e Plemons carregam o filme com naturalidade — especialmente Jesse Plemons, que entrega um trabalho excelente.
Apesar disso, Bugonia não está entre os filmes mais inspirados de Yorgos. A sua marca de loucura e humor ácido está presente, assim como um subtexto interessante sobre o mundo dos conspiracionistas e das fake news, mas tudo é tratado de forma mais superficial. O filme flerta com esses temas, sem mergulhar totalmente neles.
Ainda assim, ele é divertido e imprevisível — há momentos de riso, de tensão e até de gore —, mantendo o espectador preso o tempo todo. Dá pra dizer que Bugonia tem tudo o que faz o cinema de Lanthimos tão único, mas em menor escala.
No fim, é uma experiência estranha, divertida e muito bem interpretada, mas que fica no meio-termo dentro da filmografia do diretor. Tecnicamente, também é mais simples — fotografia, design de produção e estética geral são mais contidos.
Mesmo assim, é um bom filme. Talvez não vá quebrar barreiras ou dominar a temporada de premiações, mas confirma que Yorgos Lanthimos segue sendo um dos diretores mais originais e imprevisíveis da atualidade.
Nota: 3,5/5
✍🏽 Marcelo Silva, CEO do Multi Nerdz
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