As melhores atuações do ano estão em Valor Sentimental (Crítica)
Dirigido pelo aclamado cineasta norueguês Joachim Trier e escrito em parceria com seu colaborador habitual Eskil Vogt, Valor Sentimental (Sentimental Value) fez sua estreia mundial no Festival de Cannes de 2025, onde conquistou o prestigiado Grand Prix (o segundo prêmio mais importante do festival). O filme, que é uma das grandes apostas da temporada, já acumula indicações de peso: concorre em categorias principais como Melhor Filme de Drama, Melhor Direção e Atuações no Globo de Ouro 2026, além de figurar nas listas do Critics’ Choice Awards. O elenco conta com Renate Reinsve, Stellan Skarsgård, Elle Fanning e Inga Ibsdotter Lilleaas. Trazido ao Brasil pela Retrato Filmes, o longa chega aos cinemas nacionais como presente de Natal, no dia 25 de dezembro.
Crítica de Valor Sentimental:
Valor Sentimental chega com um peso emocional difícil de ignorar. Sem sombra de dúvidas, é um dos filmes que mais me tocou no ano até o momento e, arrisco dizer, a obra que carrega o conjunto de atuações mais poderoso da temporada.
Sob a direção de Joachim Trier, o filme mergulha na dinâmica de uma família de “pessoas quebradas”. O roteiro brilha ao explorar como traumas não resolvidos pairam sobre o convívio familiar e como a arte surge nesse cenário. Aqui, a expressão artística é uma faca de dois gumes: ela serve para explorar e entender a dor, ou apenas para escondê-la?
O filme acerta em cheio na identificação. Mesmo que você não tenha vivido situações idênticas às dos personagens, a jornada emocional é universal. É uma história sobre o que não é dito e sobre como a arte se torna, talvez, a única terapia possível para quem não consegue conversar.
O grande trunfo de Valor Sentimental reside no elenco. Diferente de muitos dramas que parecem feitos sob medida para premiações — com gritos, choros copiosos e cenas expositivas —, aqui a força está na sutileza. Renate Reinsve e Stellan Skarsgård entregam performances magnéticas, mas o brilho se estende aos coadjuvantes. Elle Fanning, mesmo em um papel menor, traz uma camada bonita e tocante sobre o processo criativo.
No entanto, a atuação que mais me tocou foi a de Inga Ibsdotter Lilleaas, que vive Agnes, a irmã da protagonista. Há uma vulnerabilidade na personagem que ressoa profundamente, especialmente para quem cresceu como o irmão mais novo. A forma como ela reage e absorve os conflitos familiares gera uma identificação imediata.
Além do drama familiar, o filme é extremamente atual ao tecer críticas à indústria do entretenimento. Há menções diretas aos streamings e ao dilema moderno dos grandes estúdios: até onde um artista precisa ceder para tirar seus sonhos do papel? Essa metalinguagem enriquece a trama, mostrando que os problemas dos personagens não são apenas internos, mas também reflexo de um sistema que muitas vezes mói a criatividade.Com uma trilha sonora envolvente e uma direção segura, Valor Sentimental é um filme sobre reconexão. A arte serve como ponte para essa família, e embora o final deixe em aberto se isso é suficiente para perdoar mágoas passadas, o fato é que houve um movimento de cura. Não é um filme expositivo, não é apelativo. É cinema feito de sentimentos e pequenos detalhes.

Nota: 4,5/5
✍🏽 Marcelo Silva, CEO do Multi Nerdz
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Aqui no Multi Nerdz, a gente vai seguir com a cobertura completa dessa temporada de premiações que promete ser histórica. E vou ser sincero: mesmo tendo amado Valor Sentimental, meu coração patriota fala mais alto. Na categoria de Melhor Filme Internacional (e onde mais ele concorrer), nossa torcida é 100% brasileira: vamos com tudo de O Agente Secreto! Se você ainda não viu, já tem vídeo aqui no canal comentando todos os indicados do Globo de Ouro. Corre lá para assistir e deixar sua aposta!
