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A segunda temporada de Pacificador foi por águia baixo!? (Crítica)

A segunda temporada de Pacificador estreou em setembro de 2025, exclusivamente na Max, marcando o retorno de John Cena como o anti-herói mais desbocado do universo da DC. Criada, escrita e dirigida por James Gunn, a série continua logo após os eventos da primeira temporada, mostrando Christopher Smith tentando lidar com as consequências de suas escolhas e com o peso de ser um herói — ou algo próximo disso. O elenco traz de volta Jennifer Holland (Emilia Harcourt), Freddie Stroma (Vigilante) e novos nomes que expandem o universo do personagem. Com humor ácido, ação estilizada e um toque de crítica social, Pacificador volta tentando equilibrar o caos e o coração que tornaram sua estreia um sucesso — mas nem sempre consegue.

A temporada começa mostrando exatamente por que a série conquistou tanta gente lá em 2022. James Gunn e sua equipe parecem entender bem o que faz o público se conectar com o personagem: o contraste entre humor escrachado e vulnerabilidade emocional. No início, tudo funciona — o tom é mais dramático, a relação entre Chris e Emilia ganha camadas novas, e o roteiro encontra um bom equilíbrio entre piada e sentimento.

Só que essa boa forma dura pouco.

Um começo empolgante que perde o rumo

Os primeiros episódios se destacam ao brincar com o conceito de multiverso, introduzindo uma trama que envolve um universo alternativo com toques de ficção científica e crítica social. Quando a série revela que esse universo é, na verdade, uma Terra nazista, há um impacto inicial interessante. Surgem teorias, especulações sobre referências à Terra-X dos quadrinhos — e por um momento parece que Pacificador vai se arriscar em algo mais ousado.

Mas não. Essa trama, que prometia discutir temas sérios, acaba servindo apenas de pano de fundo para piadas. A série evita qualquer reflexão mais profunda sobre o nazismo ou extremismos, usando a ideia como pretexto para humor. E quando chega o plot twist, o que poderia ser um ponto alto se transforma em mais uma reviravolta sem peso.

O hype e a armadilha da expectativa

Grande parte da frustração da temporada vem de fora da tela. Durante a divulgação, James Gunn deu várias entrevistas prometendo episódios “explosivos”, participações especiais e momentos que ele descreveu como alguns dos melhores da carreira. Ele inclusive decidiu não liberar os três episódios finais para a imprensa, alegando que queria preservar as surpresas.

O problema é que essas surpresas nunca aparecem. No máximo, temos uma rápida participação de Lex Luthor — interessante, mas longe de ser algo memorável. O resultado é um público com expectativa nas alturas e uma entrega morna. É difícil culpar os fãs por criarem teorias quando o próprio criador ajudou a alimentá-las.

Um final sem força

A partir dos últimos episódios, Pacificador parece perder completamente o foco. As resoluções soam apressadas e as cenas finais lembram mais o melodrama de uma novela do que o tom ácido e irreverente que a série sempre teve. O encerramento tenta amarrar as pontas, mas faz isso de maneira previsível e sem impacto.

É especialmente frustrante porque a primeira temporada provou que é possível entregar um final divertido e satisfatório sem perder a essência. Aqui, o desfecho é fraco e ainda deixa ganchos artificiais para o futuro — como o momento em que Pacificador é levado ao “Planeta da Salvação”, algo claramente pensado para conectar o personagem ao novo DCU e, possivelmente, ao filme Superman: O Homem do Amanhã.

A contradição do “DC não é Marvel”

Durante anos, parte do discurso de Gunn e dos fãs mais entusiasmados da DC girou em torno da ideia de que esse universo seria diferente da Marvel — mais autoral, mais focado na história do momento e menos preocupado em plantar ganchos. No entanto, Pacificador 2 faz justamente o oposto: entrega um final aberto e mal resolvido, que existe mais para preparar terreno do que para concluir a narrativa de forma satisfatória.

Saldo final e nota

Apesar de tudo isso, não dá pra dizer que a segunda temporada de Pacificador seja ruim. Ela tem boas atuações, momentos divertidos e continua trazendo um olhar humano para um personagem que, nas mãos de outro roteirista, seria só uma piada ambulante. Mas é inegável que a série decepciona — não por ser desastrosa, mas por prometer mais do que entrega.

James Gunn criou expectativas gigantes e acabou refém delas. O saldo final ainda é positivo, mas fica aquele gosto agridoce: a sensação de que Pacificador poderia ter sido mais.

Agora é esperar para ver o que vem a seguir no novo universo da DC, com Lanternas e Supergirl. Quem sabe esses novos projetos consigam encontrar o equilíbrio que o Pacificador, desta vez, perdeu no meio do caminho.

Nota: 3/5

✍🏽 Marcelo Silva, CEO do Multi Nerdz
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Marcelo Silva

CEO, 25, SP

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