O Sobrevivente tenta ser muito, mas acaba sendo muito pouco (Crítica)
Lançado nos cinemas brasileiros em 20 de novembro de 2025 pela Paramount Pictures, O Sobrevivente (The Running Man) é a aguardada releitura da obra distópica de Stephen King, agora sob a visão do diretor Edgar Wright, que também assina o roteiro ao lado de Michael Bacall. Produzido pela Genre Films e Complete Fiction, o filme apresenta um futuro sombrio onde a audiência é viciada em violência televisionada. A trama acompanha Ben Richards, vivido por Glen Powell, um homem desesperado que, para salvar a filha doente, aceita participar de um reality show mortal onde deve sobreviver a caçadores profissionais por 30 dias. Com um elenco estelar que inclui Josh Brolin, Colman Domingo, Michael Cera, Lee Pace e William H. Macy, a produção prometia ser uma adaptação mais fiel e visceral do livro original do que a versão de 1987.
Crítica: O Sobrevivente
O Sobrevivente é um filme que tinha muito potencial, talvez para ser um dos melhores do ano. A expectativa era alta, não só por ser uma adaptação de Stephen King — que continua entregando boas histórias para Hollywood —, mas principalmente por conta do diretor Edgar Wright. Ele fez o “filmaço” Em Ritmo de Fuga (Baby Driver), então a gente esperava que essa combinação fosse incrível. Porém, eu sinto que o filme se perde justamente nesse potencial ao tentar ser um pouco de tudo: quer ser ação, comédia e ainda falar de temas políticos e sociais. Só que, quando você tenta ser especialista em tudo, acaba não sendo especialista em nada. Edgar Wright tentou colocar muita coisa ali e o filme acabou sofrendo com isso; nesse caso, o “menos é mais” faria toda a diferença.
O filme até tem cenas de ação legais, mas nada no nível de Baby Driver. A gente esperava que a edição e a montagem fossem coisa de outro mundo, mas não são. Ele tenta emular aquela sincronia com as músicas, mas não tem nem perto do mesmo impacto. Além disso, o tom oscila demais. Tem momentos em que ele tenta ser dramático, abordando desigualdade e fazendo crítica ao capitalismo, mas você não sente o peso que esses temas deveriam passar. Ao mesmo tempo, ele tenta trazer aquele fundo de “galhofa”, algo mais engraçado que tinha no filme antigo do Arnold Schwarzenegger, mas também não consegue fazer isso bem. Fica no meio do caminho e não funciona direito em nenhuma das pontas.
Nem o elenco consegue salvar o filme. Glen Powell é um cara carismático, um ótimo ator de ação que parece estar seguindo os passos de Tom Cruise, mas até ele não consegue carregar a produção. O mesmo vale para nomes de peso como Josh Brolin e Colman Domingo, que é um dos melhores atores da atualidade; nenhum deles parece funcionar tão bem aqui. No fim das contas, não acho que seja uma questão apenas de expectativa alta, mas sim de execução. Faltou polir o roteiro e focar. Dito isso, não acho que seja um filme ruim ou um dos piores do ano, como vi gente falando, mas é um filme que acaba ficando muito na média: ele tenta ser tudo e acaba não sendo nada.

Nota: 3,5/5
✍🏽 Marcelo Silva, CEO do Multi Nerdz
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