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Rabia: As Esposas do Estado Islâmico – Uma Reflexão Sobre a Doutrinação e a Opressão Feminina (Crítica)

Assisti a ‘Rabia: As Esposas do Estado Islâmico’ no Festival Filmes Incríveis 2025 do REAG Belas Artes, e o filme me surpreendeu pela profundidade e pela forma como lida com questões complexas e dolorosas. Dirigido por Mareike Engelhardt, o filme francês é baseado em relatos reais e segue a história de Jessica, uma jovem de 19 anos que parte de Paris em busca de um novo propósito e acaba se juntando ao Estado Islâmico em Raqqa, na Síria, onde é rebatizada como Rabia.

O Filme: Desconstruindo a Visão Tradicional

No início, a reação natural do público é julgar Jessica pela sua escolha e até culpá-la pela sua própria vitimização. Como alguém tão jovem, morando em uma democracia como a França, poderia se unir a um regime tão extremista? Porém, o filme desconstrói esse olhar aos poucos, mostrando que sua decisão foi um reflexo de um profundo sentimento de opressão e apagamento que ela já vivia em Paris. Mesmo em uma sociedade aparentemente livre, Jessica não se sentia acolhida, nem pela família, nem pelo trabalho, nem pela sociedade.

A Força do Filme: Opressão Além do Regime

O ponto central de ‘Rabia’ é mostrar que a opressão contra as mulheres não está restrita a regimes autoritários ou religiosos, mas também está presente em sociedades capitalistas e supostamente livres. O filme expõe como muitas mulheres, mesmo em contextos onde a liberdade é apenas formal, vivem sem pertencimento ou perspectivas. A escolha de Jessica escancara essa realidade, revelando como a opressão se manifesta em diferentes formas, até mesmo nas democracias modernas.

A Doutrinação e Seus Efeitos no Brasil Atual

Em um momento no Brasil, onde muitos discutem sobre ditadura e doutrinação sem entender completamente os conceitos, ‘Rabia’ traz uma reflexão profunda sobre o poder da doutrinação na formação de identidades femininas. O filme mostra como esse processo pode moldar pensamentos, apagar subjetividades e controlar comportamentos, seja por meio da religião, da cultura ou da própria lógica social.

Tratamento Respeitoso e Sobriedade

Apesar da tensão constante, o filme não apela para o sensacionalismo. As cenas mais pesadas são tratadas com respeito e sobriedade, priorizando a narrativa e os pequenos gestos que realmente fazem a diferença. Essa abordagem, que não exagera na dramatização, é o que torna ‘Rabia’ tão impactante. O filme nos obriga a repensar o que é liberdade, pertencimento e, principalmente, como as mulheres ainda enfrentam opressões, seja em regimes extremos ou em democracias modernas.

⚡ Nota: 4/5

✍🏽 Marcelo Silva, CEO do Multi Nerdz
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Onde assistir Rabia: As Esposas do Estado Islâmico?

Rabia teve uma curta exibição nos cinemas brasileiros e no Festival Filmes Incríveis do REAG Belas Artes em São Paulo. Verifique se ainda está disponível em sua cidade, pois pode haver sessões em locais selecionados. No momento, não há informações sobre a disponibilidade em streaming.

Marcelo Silva

CEO, 25, SP

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