CríticasFilmes

GOAT tem excesso de ideias, mas estilo de sobra (Crítica)

Lançado nos cinemas brasileiros em 2 de outubro de 2025, GOAT (HIM) é um filme de terror psicológico dirigido por Justin Tipping e produzido por Jordan Peele. O roteiro é assinado por Justin Tipping, Skip Bronkie e Zack Akers. O elenco é liderado por Marlon Wayans, interpretando o lendário quarterback Isaiah White, e Tyriq Withers, que vive Cameron Cade, um promissor quarterback que, após sofrer uma lesão cerebral, é levado a um campo de treinamento isolado sob a tutela de White. Lá, ele descobre uma conspiração envolvendo a liga de futebol americano, que busca transformá-lo em uma figura messiânica através de rituais sombrios, combinando elementos de suspense, terror e crítica social.

Crítica – GOAT

GOAT parte de uma proposta ambiciosa: discutir temas densos como violência, idolatria, fanatismo e masculinidade tóxica dentro do contexto do futebol americano. Há também uma camada que tenta abordar o papel do homem negro nos Estados Unidos, mas tudo isso acaba se diluindo em meio a uma narrativa que quer dizer muito — e termina dizendo pouco.

Entre os pontos positivos, o destaque vai para a trilha sonora. Tanto o score original de Bobby Krlic (que eu particularmente conheço pelo trabalho em Besouro Azul, mas que também assina as trilhas de Midsommar e Treta) quanto as músicas compostas especialmente para o filme funcionam muito bem. A presença de vários rappers na trilha dá força à estética da produção, casando com a vibe intensa da história. A música está presente o tempo todo e impulsiona o ritmo da edição, criando uma atmosfera que ajuda a sustentar o filme.

Outro acerto é o trabalho visual. A fotografia e o design de produção se complementam de forma impressionante, principalmente nos cenários ligados ao personagem de Marlon Wayans. A mansão em que ele vive é construída quase como um templo moderno, remetendo a um culto — um espaço que reforça o tom ritualístico e desconfortável da narrativa. A predominância de tons vermelhos e as composições bem planejadas tornam cada quadro visualmente marcante.

As atuações também merecem destaque. Marlon Wayans entrega uma performance intensa, que às vezes soa um pouco forçada, mas ainda assim carrega presença e energia. Já Tyriq Withers não deixa a desejar e demonstra carisma e vulnerabilidade nos momentos certos. É uma pena, porém, que as falas dos personagens não sejam mais inspiradas — o roteiro limita o que ambos poderiam oferecer em cena.

Apesar disso, o desfecho é o ponto em que tudo desaba. Depois de um primeiro e segundo ato interessantes, a história caminha para um final exagerado e confuso, que abraça a galhofa e abandona o potencial inicial. O filme parece perder completamente o foco, e o resultado é frustrante — especialmente considerando as ideias promissoras apresentadas no começo.

Curiosamente, GOAT é produzido por Jordan Peele e sua produtora, o que gera expectativas naturalmente altas. Nos bastidores, há um detalhe curioso: Peele teria tentado adquirir os direitos de outro filme de terror lançado neste mesmo ano, A Hora do Mal, mas acabou não conseguindo — e GOAT acabou sendo o projeto produzido por ele.

Comparando os dois, há um paralelo interessante: A Hora do Mal falha pela escassez — tem uma boa ideia, mas nada além disso. Já GOAT falha pelo excesso — ideias demais, sem coesão. Eu, particularmente, ainda prefiro GOAT, que é um filme que tenta, e que, visualmente e musicalmente, entrega mais do que seu roteiro permite.

Nota: 3/5

✍🏽 Marcelo Silva, CEO do Multi Nerdz
Letterboxd | Instagram | Twitter

Marcelo Silva

CEO, 25, SP

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *